quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Eles não querem mais brinquedos



Vem chegando o natal e os pais mais uma vez enfrentam um dilema: o que dar de presente para os filhos pequenos. Com toda a tecnologia existente no mercado os pequenos não querem mais saber de ganhar brinquedos. Psicólogos afirmam que não existe mais uma idade certa, ideal para que a criançada entre no chamado mundo virtual ou no caso das meninas, comecem a se preocupar muito com a beleza, com o corpo. Agora, todos são unânimes: criança tem que brincar.

“Minha mãe brincava de casinha com as irmãs, meu pai ia para rua brincar de pipa. A diversão de hoje é cheia de cores e sons artificiais. Botões são acionados quase ao mesmo tempo. Eles ficam horas jogando videogame." compara a estudante Lucília Batista. "O pé de Bianca nem encosta no chão, a mãozinha é quase do tamanho do mouse. Tudo muito natural. Parece que eles já nascem com isso, né?”, surpreende-se Gustavo Andrade, pai de Bianca Andrade. Quando o assunto é presente… “Eu quero ganhar jogos novos, ou um celular”, diz Gabriel, 9 anos.

Nas lojas, é grande a correria para comprar os presentes. A associação dos fabricantes do setor espera um aumento de 8% nas vendas. A estudante Lílian Maciel, de 9 anos, quer uma boneca mas tem que ter algo mais: “Se dá nome para ela, ela lembra para sempre, tipo computador. Gosto muito de computador, do mesmo jeito que de boneca”. Em um tempo em que a tecnologia atrai cada vez mais os pequenos, pais e filhos passaram a ter interesses iguais. “Tem muitos pais que no dia das crianças gostariam de ganhar o mesmo que seus filhos estão querendo, o notebook, o celular mais novo, isso é comum. Não existe mais aquela delimitação, sobretudo na questão tecnológica, do que é da criança e o que é do adulto”, diz o pedagogo Rodolfo Fortes.

Há também outros itens de adulto que já estão no universo infantil.

“Eu prefiro fazer maquiagem a brincar, as maquiagens são bonitas e eu gosto de brilho”, admite a estudante Emanuelle Ferreira.  Mas a mãe, Adriana Ferreira, diz que incentiva outras brincadeiras: “Principalmente de boneca, ainda bem que ela se interessa”. Para psicólogos e educadores, criança que não leva vida de criança, com hábitos que não correspondem à idade, sentirão os reflexos lá na frente. Provavelmente serão adultos formais demais e pouco afetivos.

“A criança sadia brinca, assim como o adulto trabalha, a criança brinca. Então é importante brincar de faz de conta, de cooperar. Não é só jogar. No jogo entra a competição”, aponta a psicóloga infantil Celiene Secunho. Não é que as crianças gostam? A meninada que falou tanto em tecnologia, tembém se diverte indo pra rua brincar com outras crianças e alguns brinquedos ultrapassados.

Os psicólogos lembram ainda a importância de os pais estabelecerem limites. As crianças precisam ouvir um não quando o presente pedido não for conveniente para a idade ou, então, muito caro. Às vezes dói falar esse não, mas muitas vezes é necessário. Essa sinceridade infantil derruba qualquer um.

Quando é a hora certa de dar celular ao filho?

O celular é o terceiro presente mais desejado pelos pequenos no Dia das Crianças, com 9% das intenções, atrás dos tradicionais brinquedos (68%) e dos jogos eletrônicos (11%), de acordo com pesquisa divulgada na semana passada feita pela Serasa Experian com empresários do varejo. Mas será que vale a pena dar um celular para os pequenos consumidores?

“Um computador pode ter utilidade para crianças a partir de 4 anos, 5 anos, dependendo dos programas e jogos usados. Mas se a criança não sai sozinha e está sempre acompanhada de um adulto, não faz nenhum sentido ter um celular”, avalia Rosália Duarte, professora do Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Para a educadora, os pais devem avaliar, caso a caso, qual o momento certo para presentear o filho com um aparelho móvel. “A medida deve ser sempre a funcionalidade. Se os pais se sentirem mais seguros, podem dar um celular para que o filho seja localizado ou ligue para os pais sempre que for preciso. Fora isso é ceder à estratégia de estímulo de consumo. Os pais devem entender que não há problema algum em dizer ‘não’ ao filho quando necessário”, analisa Rosália.

Mesmo sem definir uma idade ideal para que a criança tenha seu próprio aparelho móvel, a educadora afirma que entre os 10 e 12 anos as crianças começam a apresentar um maior nível de autonomia, além de boa noção de responsabilidade. Mas na hora de escolher o aparelho, é preciso impor certos limites. “No caso da criança, a única chance de estabelecer limite é usar um aparelho pré-pago. A criança tem uma percepção de tempo diferente da nossa. Não consegue estabelecer ainda uma relação de tempo e valor, de quanto custa falar determinado tempo, por exemplo”, explica a especialista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Slide

.